Uma comitiva com seis ministros e a primeira-dama, Janja da Silva, acompanhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante cerimônia em Mariana, cidade na região central de Minas, para assumir o protagonismo dos investimentos que serão feitos com os recursos oriundo da repactuação do Acordo de Mariana, assinado em dezembro do ano ado. O acordo, de R$ 170 bilhões, foi fechado para tentar mitigar os impactos provocados pelo rompimento da barragem da Samarco, em Fundão, em 2015 e que vitimou 19 pessoas, além de liberar 43,8 milhões de metros cúbicos de rejeitos.
Entre os investimentos, foi anunciado para o próximo mês o início do Programa de Transferência de Renda (PTR), voltado a agricultores familiares e pescadores impactados. O programa prevê o pagamento mensal de 1,5 salário mínimo por 36 meses, seguido de mais 12 meses com 1 salário mínimo. Ao todo, serão beneficiadas cerca de 15 mil famílias da agricultura familiar e 22 mil pescadores, com investimentos de R$ 3,7 bilhões nos próximos quatro anos.
Alfinetadas
Durante as falas dos ministros, não faltaram críticas e “alfinetadas” ao governador Romeu Zema (Novo), que está em São Paulo e não participou do evento. Zema tem se dedicado cada vez menos aos compromissos ligados ao governo de Minas e focado em ações que busquem nacionalizar e viabilizar seu nome na disputa presidencial de 2026.
Rui Costa, ministro da Casa Civil declarou que “Lula pediu desde o início que tivéssemos um olhar carinhoso com esse acordo, para que fosse um novo acordo que atendesse de verdade às populações atingidas. Nós avisamos a ele das pressões que estávamos sofrendo, inclusive do governador aqui de Minas, que queria o acordo da forma como ele estava desenhado anteriormente. Mas Lula disse que o acordo não atendia. Era para fazer um novo acordo, que não é o ideal, mas que agora atende a população e garante investimentos para o futuro da população” disse Costa. “Tem gente que deveria comer menos banana com casca e trabalhar, pois com esse dinheiro dá para fazer muito. Se (o governador) diminuir o tempo que gasta fazendo vídeos terá mais tempo para cuidar do povo de Minas”, concluiu.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, foi outro que aproveitou o momento para exaltar realizações do governo federal e cutucar o governador Romeu Zema. O ministro veio ao evento anunciar que, pelo acordo, serão destinados cerca de R$ 11 bilhões para as ações de saúde. “No acordo antigo seriam cerca de R$ 700 milhões. Por causa de Lula conseguimos ampliar o valor para a área. Tem governante que diz que faz hospital regional, mas não coloca para funcionar, não tem equipe”, diz.
Na cerimônia de hoje, o governo anunciou que Mariana irá receber um investimento de aproximadamente R$ 200 milhões para construção de um hospital universitário na cidade, vinculado à Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
As críticas continuaram durante o discurso do Advogado-geral da União, Jorge Messias, que encerrou sua fala com o poema de Adélia Prado, escritora mineira cujo nome o governador Romeu Zema não identificou durante entrevista. “Tem governante que não conhece o próprio povo”, destacou.
Por fim, Márcio Macedo, chefe da secretaria geral da presidência, que disse que o governador é um ingrato e que deveria “lavar a boca com Q-boa (marca de água sanitária) antes de falar de Lula.
A cada fala contra o governador, que não tinha representante no palco, a plateia, formada principalmente por militantes e apoiadores do governo Lula, entoava gritos de “fora Zema”.