O clima de festa no evento que celebrou os avanços obtidos com a repactuação do acordo de reparação pela tragédia de Mariana, realizado nesta quinta-feira (12 de junho) com a presença do presidente Lula (PT), foi quebrado com a fala dos representantes dos atingidos pelo rompimento da barragem que deixou 19 mortos e um rastro de destruição provocado pela lama de rejeitos da mineração. Enquanto ministros do governo federal se revezaram para comemorar os atingidos pediram justiça.
“Uso aqui o terno do meu pai. Infelizmente, faleceu no último dia 27 de maio, aos 91 anos, aguardando a justa reparação. A casa do meu pai, no reassentamento de Bento Rodrigues, encontra-se em fase final de acabamento e ele não teve o prazer de adentrá-la; assim como não teve o prazer de receber a indenização justa por todas as suas perdas”, disse Mauro Marcos da Silva, o primeiro a falar em nome dos atingidos.
“A moral pode ser limitada, assim como o direito; mas a ética não. A ética tem a capacidade de romper fronteiras. E assim como a ética, a justiça também tem. (Presidente) Não nos recrimine por talvez não aceitar os R$ 35 mil que serão pagos aos atingidos; assim como os 600 comerciantes de Mariana, assim como o município de Mariana que não aderiu ao acordo. Não nos recrimine, mas iremos continuar buscando a ética e a justiça, seja em Mariana, Belo Horizonte, Brasília, Londres, Holanda, Austrália ou onde quer que elas estejam”, disse.
Mariana foi um dos 23 municípios que se negaram a aderir ao Acordo firmado na justiça brasileira é seguem com ações movidas em tribunais internacionais. Isso, no entanto, não impede que moradores destas regiões busquem seu direito; o prazo final para pedir enquadramento no acordo termina em 4 de julho.